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O Coração do Beisebol: o tão esperado torneio do clube
Um torneio nasce e, com ele, a vontade da nossa comunidade de manter o beisebol e o sonho das crianças vivos.
Flavia Cabral
8/26/20254 min read


Nossos atlatas, durante o encerramento.
Para os 14 times e quase 200 pequenos atletas, entre 7 e 10 anos, o jogo é o que importa. Mas o verdadeiro espetáculo, a parte mais emocionante e brilhante, reside na mobilização silenciosa de uma comunidade inteira nos bastidores. Cada torneio é o reflexo e a materialização dessa união, que se forma e se fortalece em torno do sonho das crianças que querem jogar beisebol acima de tudo.
Semanas antes, a corrida começa. Pais e mães se desdobram em busca de patrocínios, procuram barracas, garantem banheiros e toda a estrutura necessária. Outros se encarregam das compras e cardápios para o baiten — nossa cantina japonesa — com listas que parecem não ter fim. Nas madrugadas, treinadores se debruçam sobre planilhas, distribuem horários e riscam as tabelas dos jogos, como se estivessem pintando sonhos no papel. Mães se juntam para arrumar lembrancinhas e dar brilho aos troféus que as crianças tanto amam. Tudo feito de forma voluntária, com o apoio incondicional e conhecimento transferido do nosso clube.
Nosso objetivo? Que cada torcedor tenha um lugar para sentar, uma boa refeição para comer e uma sombra para assistir e torcer para suas crianças durante os jogos que nós, os pais organizadores, mal vemos. Estamos ocupados em deixar tudo impecável para receber a todos com orgulho e carinho.
Na sexta-feira, o trabalho mais braçal toma conta: ir ao mercado, temperar a carne, limpar os alojamentos, riscar os campos, arrumar as mesas e deixar tudo pronto para receber os times. É a preparação que antecede a magia.
Então, chega o grande dia. Ainda são quatro e meia quando a primeira equipe chega ao nosso contêiner para preparar o café da manhã. O cheiro do café fresco denuncia o esforço de quem madrugou: salsicha com molho, ovo, presunto, pão, frutas e bolinho… O sol se levanta junto com os pais que carregam caixas de gelo, montam barracas e limpam cadeiras.
Crianças sonolentas começam a aparecer, em tons de azul, vermelho, branco e laranja, camisas que em breve colorirão os campos de terra e poeira. Às vezes, resmungam: “Isso de novo?”. Mal sabem o trabalho que dá para montar um cardápio tão simples para quase 500 pessoas.


Café da manhã no container no nosso campo, em Atibaia
E assim, o campo começa a virar palco. As linhas brancas ganham forma, as bases são firmadas, tudo se transforma. Aquele espaço enorme e vazio, que antes parecia ecoar o silêncio e guardava redemoinhos de poeira vermelha, de repente se enche de vida. As nossas estrelas entram em campo sorrindo, gritando, prontas para mostrar como treinaram duro.
Com elas, vêm os técnicos, que orientam cada jogada, acalmam os nervos e celebram cada acerto. Vêm os árbitros, que interpretam as regras e garantem o fairplay. E o olhar atento das anotadoras acompanha cada lance, com lápis e tablet em punho, para garantir que cada atleta tenha direito ao que lhe é merecido.
E lógico que não podemos esquecer da equipe que fica na retaguarda, limpando e deixando tudo organizado — mesas, banheiros, águas… o trabalho mais difícil de todos, mas absolutamente essencial para que esse dia aconteça.
Os jogos começam: a bola voa, as corridas se multiplicam, e as vozes se misturam em gritos de incentivo e risadas soltas. É uma explosão de felicidade, com a família reunida torcendo para ver os filhos que estão ali, dando o melhor de si e oferecendo o show que a gente mais gosta de ver: o beisebol puro em sua essência.


Nosso Atibainha deu um show no campeonato
No domingo, o troféu de vencedor e de atleta destaque são apenas detalhes. O que realmente fica é a prova de que o beisebol brasileiro só existe por causa dessa rede invisível, mas poderosa, de pais, mães, parentes, amigos, jogadores apaixonados e ex-jogadores que, com pequenos gestos, tornam possível algo tão grandioso. E diretores do clube e comissão técnica que, muitas vezes, seguram as pontas invisíveis para que tudo aconteça.
Cada torneio é o reflexo da comunidade que o organiza. Esse é o jeito que encontramos de sustentar, com as próprias mãos, o sonho de ver essa modalidade seguir viva no Brasil. E de alimentar o “bichinho do beisebol” que existe em nossos filhos. Afinal, tanto treino precisa refletir nesse momento mágico, talvez um dos melhores da vida de um atleta: o jogo, o torneio.
Quando o último taco repousa no banco, o que resta é maior do que qualquer placar: a certeza de que cada detalhe, cada esforço, cada hora de trabalho é, na verdade, uma declaração de amor ao esporte e a essa nova geração. É a memória de um torneio erguido a muitas mãos, e a prova de que juntos, somos o próprio futuro desse esporte no país — pelo beisebol, pelos nossos filhos, e por tudo que ainda vamos construir juntos.
Agradeço a todos os patrocinadores e financiadores do nosso torneio. Vocês foram essenciais para que ele pudesse acontecer! E a todos os convidados e participantes, porque o show fica melhor com vocês. Até a próxima, no ano que vem!
Faça o download do nosso livreto e veja todos que nos ajudaram a tornar vivo esse sonho!
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